[Resenha] Querida Sue, de Jessica Brockmole




Querido leitor,
Preciso dizer que, para mim, esse  provavelmente vai ser um dos livros mais difíceis de resenhar. Quando eu o peguei para ler, não sabia muito sobre a história: sabia que se passaria na guerra, sabia que seria um romance. Nem de perto imaginaria que seria um livro que eu gostaria tanto e que me apaixonaria em tão pouco tempo. Bastaram dez páginas para eu saber que seria um dos melhores livros que eu tinha lido. E quando terminei, só pude agradecer mentalmente à autora por ter colocado no papel essa história tão linda, e por ter compartilhado isso com o mundo.

Para começar, você precisa saber que o livro é inteirinho narrado por meio de cartas. E que ele se passa em duas épocas diferentes: 1912 e 1940. Na história de 1912, temos um jovem universitário que escreve para uma poetiza depois de ter lido um de seus livros. Na de 1940 temos uma filha que se corresponde com a mãe no período da segunda guerra mundial.                

David estava hospitalizado quando leu o livro de Elspeth pela primeira vez. Sem ter muito o que fazer na enfermaria, decidiu escrever para a autora dos poemas que mais o marcaram até então. Mal sabia ele que aquela carta mudaria o rumo de sua vida a partir dali. Elspeth morava em uma pequena ilha escocesa e seus dias eram repletos de momentos campestres, entre as montanhas e suas cabras. Quando recebeu uma carta de um fã, americano ainda por cima, ela nem conseguiu acreditar. Respondeu seu leitor tão logo pode. Assim, David e Elspeth começaram a se corresponder sempre, e essa correspondência continua por cinco anos. E que privilégio ver crescer a relação desses dois! Cada carta chegada faz com que nós, meros espectadores, fiquemos ainda mais curiosos com o rumo que o relacionamento deles dois vai tomar.     

E, preciso confessar, querido leitor, que nem sempre foi simples, para esses dois, manter as correspondências. Em um mês, que era o tempo entre uma carta em outra, eles descobriam pequenas coisas um do outro, mas em suas vidas coisas grandiosas aconteciam. Porque, enquanto nas cartas eles estão, pouco a pouco, conhecendo um ao outro, em suas vidas reais tudo continuava na velocidade normal. Elspeth continua casada, e seu marido continua no front. David continua noivo, e ainda tenta encontrar o que, de fato, o faz feliz. E eles compartilhavam um com o outro cada um desses momentos. Mas, chega uma hora em que eles precisam assumir que, no fundo, eles não são só dois amigos à distância. Mesmo separados, seus sentimentos um pelo outro cresceram mais do que parecia ser possível. E, depois de mais de dois anos e muitos acontecimentos, eles finalmente precisam assumir que a paixão é maior do que a distância entre seus continentes.      


Enquanto isso conhecemos também Margareth, uma jovem que vive no período da II Guerra Mundial. Seu trabalho é levar pequenas crianças para o interior, para longe da guerra. E, enquanto seus dias passam, ela se corresponde com sua mãe e procura notícias de seu melhor amigo - e amado - que está lutando na guerra. Por meio de cartas, ela fala com sua mãe, e conta tudo que está acontecendo em sua vida. E sua mãe lhe dá conselhos e lhe diz o que acontece em sua cidade. E por meio de cartas com seu amor, ela conta a ele - e a nós, leitores - seus medos e inseguranças, seus sonhos e suas paixões. E é nessas cartas à Paul que descobrimos que Margareth não conhece seu pai, e que essa lacuna em sua vida nunca é preenchida por sua mãe.
E, um dia, descobrimos que a mãe de Margareth é Elspeth, e que Elspeth nunca chegou a superar seu amor com David.                



Nesse ponto, sinto que não posso mais falar sobre essas histórias de amor. Só posso dizer que, a cada carta trocada entre os personagens, a vontade cresce. E a necessidade de saber o que vai acontecer também aumenta. E, se para os personagens há uma certa urgência de saber como será seus futuros, para o leitor essa urgência vem em forma de ansiedade, e é impossível não querer ser um pouco mais rápido para descobrir o que vem a seguir - se é uma carta de Elspeth e David, enquanto eles eram jovens, ou se é uma carta de Margareth e Paul, onde ela lhe conta o que vem descobrindo da juventude de sua mãe. Mas, com certeza, a vontade de ir mais rápido é paradoxalmente a mesma de se ler mais lentamente, para aproveitar aquelas cartas que, assim que começamos o livro, sabemos que são um número finito. Cada momento das cartas dos personagens passa a ser nosso também. E é preciso ler o livro para compartilhar esse sentimento.

Termino essa carta pedindo a você que, se estiver precisando ler algo que lhe faça acreditar que o amor ainda é o melhor remédio, e que amar - o que se faz, ou a outra pessoa - é o melhor incentivo para continuarmos, então leia Querida Sue. E me escreva de volta dizendo o que achou.  

De uma leitora satisfeita e feliz,   
           
Larissa.



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Base feita por Adália Sá | Editado por Luara Cardoso | Não retire os créditos