[Resenha] Se Eu Ficar, de Gayle Forman


      Provavelmente um dos livros mais comentados esse ano, Se Eu Ficar - escrito pela Gayle Forman e lançado no Brasil pela Novo Conceito - é um romance em que somos apresentados a uma jovem, Mia, e sua experiencia extracorpórea após um acidente de carro que deixou-a em coma, porém não incapaz de perambular pelo hospital e relembrar os momentos mais importantes de sua vida, com pessoas igualmente importantes.

      Mia, assim como o resto de sua família, havia encontrado na música um mundo particular. Mas, diferente de seus pais e seu irmão mais novo, não era o rock que movia sua alma, e sim músicas clássicas, e isso acabou motivando-a a assumir o violoncelo como seu instrumento. Embora ela se sentisse deslocada quando se comparava com o resto de sua família, era ali que ela se sentia segura.
      Foi em uma viagem que tudo mudou. Mia mal acompanhou a sucessão de acontecimentos, desde o instante em que o carro do pai derrapa até a colisão com o caminhão. Depois do acidente, ela se vê no meio da estrada, andando sem compreender o que acontecera. Apenas quando ela encontra o carro destruído, os corpos de seus pais e o próprio corpo (!) soterrado num punhado de neve, ela compreende o que aconteceu.
      Seus pais haviam morrido. Ela - ou melhor, seu corpo - havia sido carregado para o hospital, e estava em coma, enquanto seu irmão, o pequeno Teddy, estava em outra unidade, também em estado grave. Mia, então se vê incapaz de se comunicar, ninguém pode vê-la ou ouvi-la, ainda que ela consiga vagar mesmo não estando em seu corpo.
      Agora cabe a ela decidir, se vale a pena ficar, ou se estará disposta a abrir mão de sua vida para um mundo que já não é a mesma coisa sem a sua família.

      Se Eu Ficar é uma obra escrita em primeira pessoa, e a voz narrativa é a própria Mia. Com menos de 200 páginas, a história tenta trazer um romance que experimenta o sobrenatural em que a protagonista, após sofrer um acidente, se vê numa forma extracorpórea, assistindo ao sofrimento dos seus familiares e a si mesma no leito de um hospital, em coma, tentando descobrir uma maneira de voltar. Infelizmente, a sua trama não convenceu muito.
      Alguns pontos bastante positivos foram as construções dos relacionamentos entre as personagens. A autora se preocupa em torná-los complexos, não são apenas relações boas ou ruins. Mia, por exemplo, tem um namorado, Adam, e ambos parecem não saber lidar muito com o sentimento que têm um pelo outro, causando alguns conflitos que tornam o romance mais verossímil. Da mesma maneira é a amizade entre Mia e Kim, amigas desde crianças e que, de alguma maneira, nunca foi um relacionamento perfeito.
      Infelizmente, embora a "jornada" da leitura tenha sido interessante, ela não parece ter um objetivo. Mesmo quando eu soube que haveria um segundo livro, esse primeiro volume não tinha um desenvolvimento que se sustentasse. Tudo o que temos é um acidente e, após isso, Mia, por meio de flashbacks, relembra situações de sua vida enquanto seu corpo ainda permanece em coma. Ao fim da leitura, é como se fosse apenas isso, sem um clímax ou algum evento que justificasse todo o resto.
      A impressão que tive era de estar lendo a introdução de uma outra historia que estava por vir - história essa que não chegou nas páginas de Se Eu Ficar. Ainda espero, para o segundo livro, a leitura que me prometeram, mas preciso admitir que essa obra não conseguiu me ganhar, apesar da grande repercussão e dos vários elogios.
      Outro ponto negativo é a inconsistência nos sentimentos da protagonista. Durante a leitura, ela parece mais preocupada em saber se Adam havia recebido a notícia do acidente do que com o próprio irmão - internado em outro hospital, enquanto ela não tinha nenhuma notícia dele. Esse e alguns outros pontos contribuíram para dar uma atrapalhada na construção de Mia, inclusive com uma personalidade mal explorada. Mas se o leitor está buscando um drama intenso, então com certeza é o que temos entre as páginas.

      Se Eu Ficar virou filme! Resta conferir a versão cinematográfica e tentar captar a essência que eu não consegui captar durante a leitura. E aí, alguém aí já viu/leu? Curtiu?

      Tenham uma ótima leitura, fiquem na Paz!


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Base feita por Adália Sá | Editado por Luara Cardoso | Não retire os créditos